segunda-feira, 22 de julho de 2019

Patinete Elétrico - quando a mobilidade se transforma em falta de mobilidade...

Eu e meu marido acabamos ficando em São Paulo no feriado de Páscoa. No domingo, acordamos tarde, preguiça, mas resolvemos sair e dar uma volta de patinete elétrico. Pegamos um para cada um e fomos até o Parque do Ibirapuera, demos uma volta lá dentro, e resolvemos voltar. Pegamos velocidade máxima na descida da Avenida República do Líbano para a Hélio Pelegrino, 28 km/h 😱 (ainda não tinham diminuído a velocidade para 20km/h)!!! Vento na cara, sensação de liberdade... Avistamos o semáforo do cruzamento com a Santo Amaro, bem na frente do Burger King e não daria tempo de atravessarmos, então fui freando. Coloquei o pé direito no chão, mas em fração de segundos, acho que acelerei sem querer, não soltei o patinete, e ele me jogou para a frente. Cai de joelhos com as mãos no chão. Senti muita dor no tornozelo. Tentei ficar de pé e não consegui, parecia que estavam dando choques no meu pé. Muita dor. Deixamos os patinetes e voltamos para casa de UBER. Mais dor. Ao chegar em casa e tirar o tênis, meu tornozelo já estava mega inchado, mas nada que gelo e um anti-inflamatório não resolvesse. Ainda assim, encostar o pé no chão era impossível...

Acordei no dia seguinte e o inchaço era generalizado, e o meu pé já estava bem roxo. Resolvi ir ao hospital, apenas para me certificar que estava fazendo a coisa certa quando torcemos o pé. Radiografia e o veredito: você fraturou o maléolo do tornozelo. Oi? Fratura? Onde? Como assim? Preciso trabalhar... Tenho Pilates daqui a pouco... 😱

Vendo meu desespero o médico levou o meu caso para o chefe da ortopedia avaliar. Me pediram novos exames, com carga total no tornozelo dessa vez. Se a fratura ficasse estável, iríamos para o tratamento conservador... Fui para a sala de radiografia rezando...

Depois de aguardar mais um pouco o médico me chamou e faríamos o tratamento conservador mesmo... Seis semanas de recuperação, pelo menos... Tala de gesso, muletas e nem pensar em encostar o pé direito no chão...

(Aí descubro que existe muletas canadenses e articuladas. para mim, muleta era apenas uma muleta...). 🤷🏻‍♀️

Já em casa, o primeiro desafio foi tomar banho: filme plástico no gesso, sentada em um banquinho e com o pé apoiado em outro... Dava vontade de chorar... E tufo isso com a ajuda do marido, pois era impossível fazer sozinha...

O segundo desafio foi dormir: como alguém consegue dormir de barriga pra cima??? E com um gesso até o joelho, mega pesado? Acordei com dor na lombar até...

E vieram o terceiro, o quarto, décimo desafio... Perdi as contas...

A dependência para fazer as coisas era intensa... Até para levar uma xícara com café da cafeteira até a mesa no café da manhã... 😔

Depois de duas semanas (que pareceram meses) tirei o gesso e coloquei a famosa bota “Robofoot”. Menos pesada que o gesso, ok. Podia tirar para tomar banho? Ok. Mas ainda assim não podia encostar o pé direito no chão... E ele (o pé direito), coitadinho, parecia qualquer coisa, menos um pé... Retangular, roxo, inchado...

Em casa, no meu tempo livre, a Netflix salva, o Kindle salva, e as redes sociais atrapalham... Eu mal podia andar, quanto mais malhar, trabalhar, ir a um cinema, happy hour, ou qualquer coisa assim... Triste realidade... Zero mobilidade...

Quando completou um mês do acidente, sim, QUATRO semanas, o médico me liberou para apoiar o pé direito no chão, com as minhas companheiras muletas, óbvio, e para começar a fazer fisioterapia... Minha meta era manter a data de 06 de junho, que estava em meu último atestado médico (SEIS semanas e mais alguns dias), como o dia da minha volta ao trabalho... 🙏🏻 Saí da consulta e já comecei a procurar clínicas de fisioterapia próximas a minha casa, pois eu tinha que ir de UBER, Taxi, ou algo do gênero, já que nem dirigir eu podia...

Encontrei, marquei a avaliação, e já consegui fazer minha primeira sessão nesse dia mesmo. Também me indicaram a fazer algumas sessões, pagas a parte, de “Game Ready”, um aparelho que é um mix de compressão e gelo, para aliviar o inchaço e melhorar a circulação e eventuais dores.

Comecei a sentir que havia esperança na Terra, e que realmente eu me recuperaria... Nunca tinha precisado fazer fisioterapia, mas a evolução foi notável!

Depois de uma semana fiquei apenas com uma muleta, e já conseguia esboçar amassar um papel toalha com os dedos do pé direito... Mais evolução...

Mais alguns dias e substitui a muleta por uma bengala que peguei emprestado da minha avó materna (que Deus a tenha e a agradeça), e usava apenas para andar fora de casa. E também tive a ajuda moral do meu sobrinho/afilhado, expert em fisioterapia, já que passou por 3 cirurgias no joelho, e comecei a dar meus primeiros passos sem a bengala também...

Ontem completou 3 meses do meu “incidente”... Ontem me livrei do banquinho dentro do box do chuveiro...

E hoje esbocei um corrida na esteira durante a minha sessão de fisioterapia...

100% curada? Sim, pois não tenho dores... Não pois ainda não recuperei toda a minha mobilidade, o que ainda me faz mancar um pouquinho... Mas estou chegando lá... Mais algumas semanas e acho que minha mobilidade estará ativa.

E o patinete como forma de mobilidade urbana? Não fiquei traumatizada, acho um ideia muito boa em uma capital como São Paulo, mas não tenho ideia quando poderei usufruir desse benefício novamente...

Indico? SIM, mas com responsabilidade! Para que a sua, ou a mobilidade de terceiros, não seja comprometida, como a minha foi..

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